terça-feira, 7 de agosto de 2012

GOVERNO, CONGRESSO E FUNCIONALISMO

“O governo pode perder a base social que o sustenta”

Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, o novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o bancário Vagner Freitas, comenta as medidas do governo visando conter os efeitos da crise econômica no país e rechaça a penalização dos trabalhadores. No mandato de três anos, Vagner Freitas promete ampliar as lutas por reforma política, considerada medida estratégica para acabar com o conservadorismo no Congresso e permitir acesso dos trabalhadores à vida pública. (Trechos do site da CNTE). 
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Brasil de Fato – Quais os significados políticos de uma greve assim no funcionalismo público?
Vagner Freitas – O governo precisa tratar melhor da questão do serviço público. Lógico, não há dúvida sobre a diferença de tratamento do governo Lula e Dilma em comparação ao governo Fernando Henrique. Os salários e as condições de trabalho melhoraram bastante, mas é preciso regar a planta para que ela cresça, porque se parar de colocar água, ela corre o risco de morrer. O investimento no serviço público tem que ser permanente e contínuo. Não é verdade que se vai investir em educação se não investir no professor. Não é verdade que se vai investir em saúde sem investir no servidor. Não é verdade que se vai fazer reforma agrária sem investir no trabalhador do Incra.

Brasil de Fato – O senhor é o primeiro bancário que chega à presidência da CUT. E justamente em um uma conjuntura internacional abalada pela crise do capitalismo, que afeta países importantes da Europa e causa recessão na economia dos EUA. O sistema financeiro tem grande responsabilidade nos desastres econômicos e sociais que estamos acompanhando. O senhor pretende fustigar esse setor?
Vagner Freitas – Sim. Há 20 anos, nós trabalhadores dos sindicatos da CUT, mas fundamentalmente os bancários da Contraf, como eu, estamos dizendo que o sistema financeiro brasileiro não estimula o desenvolvimento. É um sistema que não está voltado para o Brasil em um projeto nacional. Mas quem é que vai financiar o desenvolvimento do país? Existe outra forma fora do sistema financeiro? Eu não conheço. Me refiro aos bancos, fundos de pensão, etc. Todos os países que tiveram desenvolvimento calcado na recomposição do mercado interno, em projetos para indústria nacional, financiamento para avanço tecnológico e investimento em educação, só fizeram por meio de um sistema financeiro que capta recursos e oferece crédito. Por isso, elogios à presidenta Dilma por ter tido coragem de enfrentar os bancos já que ninguém nunca o fez de forma tão explícita, ouvindo a nossa voz, que estamos dizendo isso há tempos. E dizemos que o Brasil precisa de reformas essenciais, como a do sistema financeiro, a política e a tributária. Obviamente que nessa gestão vamos ter um olhar muito específico nesse tema.

Brasil de Fato – Qual a sua avaliação sobre a atual correlação de forças no Congresso?
Vagner Freitas – Totalmente conservadora, não há dúvida disso, por isso exigimos uma reforma política. Enquanto o poder econômico privado determinar quem vai ser eleito governador, senador e deputado não teremos democracia estabelecida. Hoje em dia, lamentavelmente, o candidato sem recurso financeiro individual não consegue estrutura para se eleger. Tem que haver reforma política com financiamento público de campanha para que não seja uma corrida injusta entre os que têm mais e os que têm menos, ou sempre teremos um Congresso conservador. Para cada trabalhador eleito, há um número muito mais expressivo de representantes do setor empresarial. O Congresso Nacional deve refletir o que é a sociedade brasileira, abarcar toda a rica diversidade de manifestação social que temos no Brasil.


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