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Conn Hallinan: Para além do vergonhoso legado da doutrina Monroe
publicado em 18 de janeiro de 2013 às 1:00
16 de janeiro de 2013
O vergonhoso legado da Doutrina Monroe
Militarizando a América Latina
por CONN HALLINAN, no Counterpunch
Conn Hallinan: Para além do vergonhoso legado da doutrina Monroe
publicado em 18 de janeiro de 2013 às 1:00
16 de janeiro de 2013
O vergonhoso legado da Doutrina Monroe
Militarizando a América Latina
por CONN HALLINAN, no Counterpunch
Dezembro passado marcou o centésimo nono aniversário da Doutrina Monroe, a declaração política do presidente James Monroe, em 1823, que essencialmente tornou a América Latina um quintal exclusivo dos Estados Unidos. E se alguém tem alguma dúvida sobre o que estava no coração da doutrina, desde 1843 os Estados Unidos intervieram no México, Argentina, Chile, Haiti, Nicarágua, Panamá, Cuba, Porto Rico, Honduras, República Dominicana, Guatemala, Costa Rica, El Salvador, Uruguai, Granada, Bolívia e Venezuela. No caso da Nicarágua, nove vezes; Honduras, oito.
Algumas vezes a intrusão dispensou as gentilezas diplomáticas: a infantaria dos Estados Unidos assaltou o castelo de Chapultepec na cidade do México em 1847, os fuzileiros navais caçaram insurgentes na América Central e o general “Black Jack” Pershing perseguiu Pancho Villa em Chihuahua em 1916.
Em outros casos a intervenção foi tramada nas sombras — um pagamento secreto, um piscar de olhos para alguns generais ou o estrangulamento econômico de algum governo que teve a temeridade de propor reforma agrária ou redistribuição da riqueza.
Por 150 anos a história desta região, que se espalha por dois hemisférios e inclui de tundras congeladas a desertos escorchantes e florestas tropicais, foi em grande parte determinada pelo que acontecia em Washington. Como o velho ditador mexicano Porfirio Diaz colocou certa vez, a grande tragédia da América Latina era ficar tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos.
Mas a América Latina de hoje não é a mesma de 20 anos atrás. Governos de esquerda ou progressistas dominam a maior parte da América do Sul.
A China substituiu os Estados Unidos como o maior parceiro comercial da região e o Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela se juntaram em um mercado comum, o Mercosul, que é o terceiro maior do planeta.
Outras cinco nações são membros-associados. A União das Nações Sul-Americanas e a Comunidade de Estados Latino Americanos e do Caribe deixaram de lado aquela relíquia da Guerra Fria, a Organização dos Estados Americanos. A penúltima inclui Cuba, mas exclui os Estados Unidos e o Canadá.
Na superfície, a Doutrina Monroe parece estar morta.
(...)
Depois de séculos de exploração colonial e dominação econômica dos Estados Unidos e Europa, a América Latina finalmente está se tornando independente. Em grande parte evitou os danos da recessão mundial de 2008 e os padrões de vida na região estão melhorando — de forma dramática em países que Washington classifica como “de esquerda”. Nos dias de hoje os laços da América Latina são mais com os países BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — que com os Estados Unidos e a região está forjando sua própria agenda internacional. Existe oposição unânime contra o bloqueio a Cuba e, em 2010, o Brasil e a Turquia apresentaram o que é provavelmente a solução mais sensível para acabar com a crise nuclear com o Irã.
Nos próximos quatro anos o governo Obama tem a oportunidade de reescrever s a longa e vergonhosa história dos Estados Unidos na América Latina e substituí-la por outra, baseada em respeito mútuo e cooperação. Ou pode voltar a jogar com as obscuras Forças Especiais, a subversão silenciosa e a intolerância com as diferenças. A escolha é nossa.
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