quinta-feira, 22 de novembro de 2012

UM DIA HISTÓRICO NA EUROPA


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Um dia histórico na Europa

Foto do sítio: http://www.galizacig.com
Por Wagner Gomes, no sítio da CTB:

A Europa foi sacudida por um dia de protesto da classe trabalhadora nesta quarta-feira, 14. Ocorreram manifestações (greves, concentrações e passeatas) em pelo menos 20 países da região: Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Lituânia, Bélgica, França, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Áustria, Polônia, Romênia, Bulgária, Malta, Letônia, Finlândia, Luxemburgo, Dinamarca e Suécia. Além desses, Suíça, Eslovénia e República Checa convocaram atos para os dias 15 e 17.

Milhões de trabalhadores e trabalhadoras aderiram ao movimento. Organizada pela Confederação Europeia dos Sindicatos (CES), a “Jornada europeia de ação e solidariedade” adotou o lema “Pelo emprego e a solidariedade na Europa, não à austeridade”. Dezenas de organizações sindicais participaram da mobilização, realizada de acordo com as condições e singularidades de cada país.

Cabe destacar as greves gerais na Espanha e em Portugal, dois países que, como a Grécia, vivem sob o tacão da chamada troika (FMI, Banco Central Europeu e cúpula da União Europeia), sujeitos a medidas draconianas de “austeridade fiscal”, amargando recessão e o avanço implacável do desemprego. Na Espanha, onde pelo menos 62 pessoas foram presas e 34 ficaram feridas durante a paralisação, o índice de desocupados ultrapassa 25% e supera 50% entre os jovens.

Na Grécia, que convive com índices de desemprego equivalentes aos da Espanha e uma depressão cavalar (que caminha para o sexto ano), escolas, transportes e outros serviços públicos foram paralisados por 3 horas e uma passeata percorreu o centro de Atenas e terminou numa concentração na Praça Syntagma, junto ao Parlamento. O movimento sindical promoveu uma greve geral de 48 horas nos dias 6 e 7-11 contra o arrocho fiscal imposto pelo governo a mando da troika.

Na Itália, milhares de estudantes e trabalhadores tomaram as ruas de Roma, Milão, Turim e outras cerca de 100 cidades, pedindo garantias de emprego e aposentadorias ao governo do premiê Mário Monti. Em Milão e Turim ocorreram confrontos entre manifestantes e policiais. Na França foram registradas 130 manifestações, lideradas por cinco centrais sindicais. "A Europa está acordando hoje, de Roma a Madri e Atenas", disse um estudante universitário italiano de 23 anos, Mario Nobile, ouvido pela Agência France-Presse.

Luta de classes

As razões para a elevação da temperatura da luta de classes no velho continente são notórias. Ao longo dos últimos anos, a União Europeia transformou-se no epicentro da crise mundial do capitalismo. O desemprego aberto na zona do euro bateu novo recorde em setembro e já castiga 18,49 milhões de pessoas, 11,5% da população economicamente ativa. A economia, em recessão, recuou 0,2% no segundo semestre deste ano e não há sinais de recuperação. A situação tende a piorar em 2013.

As condições são desiguais. O sofrimento do povo é maior nas nações mais frágeis economicamente, que acabaram perdendo, em nome do euro, a soberania sobre as políticas monetária, cambial e fiscal. Na Espanha, os despejos desumanos efetuados pelos bancos (mais de 400 mil desde 2008 e em geral contra mutuários que perderam o emprego e já não têm como pagar as prestações da casa própria) produziram uma escalada de suicídios e levou uma mulher de 44 anos a anunciar a venda do próprio rim e todos os “órgãos vitais” para pagar a hipoteca. A indignação popular ganhou as ruas e fez a Associação Espanhola de Bancos a anunciar uma “trégua” de dois anos nos despejos.

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